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06/08/2020

Desafios e novas diretrizes para formação em engenharia

 

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

Formação voltada à inovação e ao empreendedorismo, com visão holística que valoriza as competências e habilidades, de modo que o futuro profissional seja capaz de identificar problemas e apresentar soluções úteis à sociedade. Assim o professor da Universidade Santa Cecília (UniSanta), Aureo Pasqualeto Figueiredo, resumiu o que significam as mudanças trazidas pelas novas diretrizes curriculares do Ministério da Educação (MEC) ao ensino de engenharia.

 

Ele abordou tais transformações na live desta semana realizada pelo SEESP na quarta-feira (5/8), intitulada “Desafios para a formação em engenharia e as novas diretrizes do MEC”. Apresentada pelo presidente da Delegacia Sindical da entidade na Baixada Santista, Álvaro Luiz Dias de Oliveira, a atividade foi transmitida online pela página do sindicato no Instagram (@oportunidades_na_engenharia), como de praxe.

 

Figueiredo – que iniciou sua carreira profissional como engenheiro atuando no Porto de Santos e reúne 35 anos de experiência como docente –, inaugurou sua preleção trazendo breve histórico das diretrizes curriculares para a educação em engenharia, para melhor compreensão sobre as transformações atuais. Segundo ele, o início se deu a partir da reforma universitária em 1968 e tem seu movimento mais importante com a publicação da Resolução 48, de 27 de abril de 1976, pelo então Conselho Federal de Educação. “Era uma lei muito rígida que definia os currículos mínimos, tempo de duração do curso de engenharia e disciplinas”, explicou o professor. Sua vigência, conforme lembrou, enfrentou a chamada “década perdida” de 1980, em que o número de cursos ficou estagnado. “Havia muita limitação para o trabalho docente, quase não tinha inovação. A matriz era absolutamente engessada.”

 

Álvaro Oliveira (acima) e Aureo Figueiredo, na live. (Reprodução Instagram)

 

Isso muda com a Resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002, do Conselho Nacional de Educação e Câmara da Educação Superior, que redefine as diretrizes curriculares à graduação em engenharia. “Tem-se um refresco, permitindo que houvesse inovação. O ensino começou a ser dirigido por conceitos focados em competências e habilidades, muito importantes. Passou a se propiciar educação com feição regional [compreendendo as características locais no País cujas dimensões são continentais] e começou a se incorporar contribuições da área de humanidades e libras”, enfatizou.

 

A despeito dos avanços, contudo, Figueiredo observou que tal resolução – seguida em 2004 pela lei que criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (n. 10.861) –não chegou a ser implementada em sua plenitude. “Havia pressão em função do dinamismo, crescimento e desenvolvimento do País”, contou.

 

Assim se dão os primeiros passos rumo às novas diretrizes curriculares ao ensino de engenharia a partir da Resolução CNE/CES n. 2, de 24 de abril de 2019, cujo prazo para implementação é de três anos. A proposta surge de parceria entre a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge ) e a Mobilização Empresarial pela Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

 

 

Pontos importantes

 

Tal resolução, de acordo com Figueiredo, tem o conceito principal da formação por competências – “quais as que se espera que seu aluno apresente ao final do curso”. “Tem que ter sólida formação teórica, intelectual e cultural, mas há grande flexibilidade nos currículos. O que demanda muita responsabilidade. Cada curso vai balancear as matérias, desde que não exclua os conteúdos básicos”, detalhou o docente.

 

Na sua ótica, o resultado é formação voltada à inovação e ao empreendedorismo. Aspectos não apenas técnicos, mas matérias da área de humanidades, entre outros, se inserem nessa lógica, valorizando a multidisciplinaridade em projetos de engenharia. “Mudou o conceito de sala de aula. Antigamente tínhamos o professor falando e o aluno que aprendesse. Com as novas diretrizes, os métodos são muito mais convincentes”, afirmou. Por exemplo, os cursos incluem aulas práticas desde o início, não mais “meramente expositivas”.

 

Nessa direção, Figueiredo saudou a iniciativa dos chamados FabLabs (laboratórios de fabricação digital) – para Álvaro Oliveira, “vanguarda em algumas universidades”. Conforme o professor da UniSanta – que conta com laboratórios de prototipagem com avançada estrutura tecnológica –, a ideia surgiu no Massachussetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. “Há uma série de equipamentos ao desenvolvimento de protótipos. Desde que entra na universidade, o aluno passa a tomar contato com esse ambiente. Precisa, claro, ser capaz de dominar a máquina e operar com segurança”, ressaltou. Desse modo, continuou, “a criatividade é estimulada.”

 

Somado a isso, o professor trouxe a importância da iniciação científica, elaboração de pareceres, laudos, projetos que atendam a demandas da indústria já a partir da graduação, assim como grupos para criação de startups instaladas nas escolas de engenharia e que vão trazer inovações tecnológicas ao mundo do trabalho. Também ante este cenário, na sua concepção, há valorização do docente, cujo contato com a realidade é importante para ajudar o aluno em seu crescimento. O presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista concluiu: “A responsabilidade migrou de dar o peixe para ensinar a pescar.”

 

A próxima live acontece na quarta-feira (12/8), às 18h, com o tema “Sustentabilidade urbana”. Terá a participação de Bruno Daniel , engenheiro civil, mestre em administração de empresas, doutor e pós-doutor em ciências sociais, e coordenação de Helton Costa, diretor da Delegacia Sindical do SEESP no Grande ABC. Transmissão online sempre pela página do Instagram da entidade (@oportunidades_na_engenharia).

 

Confira a live “Desafios para a formação em engenharia e as novas diretrizes do MEC” na íntegra:

 

 

 

 

 

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