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11/06/2020

Mobilidade urbana de qualidade: direito do cidadão

 

Soraya Misleh / Comunicação SEESP

 

Nesta quarta-feira (10/6), em mais uma da série de lives que vêm sendo realizadas semanalmente pelo SEESP, o tema foi “Mobilidade urbana de qualidade: direito constitucional do cidadão”. A atividade foi apresentada pelo diretor do SEESP e especialista em mobilidade urbana, Emiliano Stanislau Affonso, e teve a participação de Jean Pejo, secretário-geral da Associação Latino-Americana de Ferrovias (Alaf/Brasil). A transmissão ao vivo ocorreu no canal do sindicato no Instagram (oportunidades_na_engenharia).

 

Affonso abriu a atividade lembrando que essa e as demais lives têm por objetivo manter os debates fundamentais ao País em tempos de distanciamento social. E trouxe a questão: o que fazer para sair da pandemia com boas propostas que melhorem a nossa mobilidade e impulsionem a retomada do crescimento nacional? A pergunta é crucial, tendo em vista que neste momento drástico ficou evidenciada a carência do Brasil em diversas áreas, inclusive no transporte público urbano de qualidade – como apontado também em live no dia 6 de maio último.

 

Emiliano Affonso (acima) e Jean Pejo debatem soluções à mobilidade urbana.

(Reprodução Instagram)

 

Pejo destacou: “Estávamos com o sistema de mobilidade vivendo situação difícil por dois binômios fundamentais: necessidade de redução de tarifa para que todos pudessem ter acesso ao transporte coletivo e qualidade para estimular as pessoas a deixarem o transporte individual.” Se esse era o cenário antes, com a pandemia, o segmento “foi severamente atingido. Com o isolamento social, a queda de receitas das empresas do setor é superior a 80%”. O secretário-geral da Alaf/Brasil foi categórico: “A situação é gravíssima, o que torna fundamental a participação do poder público para sair em socorro das empresas para que sobrevivam e nas novas etapas essenciais ao País.”

 

À retomada da economia, enfatizou ser crucial o investimento pesado em infraestrutura. E para alcançar esse resultado, é premente, na sua avaliação, a união de esforços e inteligências: entidades profissionais e de classe, setor privado, academia, governos, sociedade, todos devem se envolver para assegurar os resultados que levem o Brasil à superação e o recoloquem na rota do crescimento. Conferindo, portanto, sustentabilidade ao sistema de transporte público.

 

Além de a pandemia explicitar tanto a necessidade desse engajamento às inversões quanto da ação do Estado, outra das lacunas reveladas, segundo ele, é a importância de se constituir autoridade metropolitana. O que vem ocorrendo é que cada município tem um protocolo distinto. “Tem que ser unificado.” E frisou: “Temos que partir para a ação.”

 

No pós-pandemia, alertou para o risco de se ampliar ainda mais a adoção do transporte individual, dado o medo de se utilizar o coletivo. “Precisamos pensar em como convencer as pessoas que podem usar com segurança, o que se faz com informação, qualidade, estações menores, sistemas de desinfecção do ar e dos veículos, ajuste ao distanciamento social. Existem tecnologias para isso.”

 

 

Política pública e protagonismo da engenharia

 

Affonso acrescentou que uso do solo e mobilidade “devem andar juntos”, colocando em prática a proposta de novas centralidades regionais – diminuindo a necessidade de deslocamentos. “Por que emprego, estudo e moradia não estão próximos? Temos que fazer isso. Programas de habitação, saneamento e mobilidade não podem criar guetos, senão não há como criar vida digna.”

 

Nessa direção, deve ser repensada a questão do entorno no sistema de mobilidade urbana. “Hoje quem ganha é o dono da terra, não deve ser assim. Empreendimentos imobiliários como shoppings, utilização de fibra óptica, propaganda já devem estar estruturados na concepção, no projeto, para financiar o transporte coletivo, em benefício da sociedade, do desenvolvimento regional”, disse Pejo, que ressaltou a importância do protagonismo e valorização da engenharia para tanto.

 

Pejo critica ainda os elevados subsídios dados ao transporte individual, muito superiores ao investido pela Prefeitura de São Paulo, por exemplo, em manutenção do sistema coletivo. Na sua ótica, deveriam ser revertidos ao transporte público urbano – o que asseguraria inversões “sem colocar um centavo a mais”.

 

“Estamos dando os elementos a que o governo possa estruturar sua política pública e que a sociedade receba os devidos benefícios: condição tarifária e qualidade melhores”, apontou. Também pilares nesse sentido, continuou, são avançar na tecnologia embarcada e na gestão eficiente.

 

Em relação ao transporte de cargas, Pejo sugere que os veículos que transportam resíduos sólidos sejam transformados em elétricos, “para diminuir a poluição”. Ele pontuou: “Há tecnologia para isso, baterias, grafeno etc..” E continuou: “Tem também os que levam cimento, areia. Só à zona cerealista [em São Paulo] são mais de 2 milhões de toneladas em caminhões levando alimento. Temos que disciplinar tudo isso.” Ainda destacou a importância da integração multimodal no Plano Nacional de Mobilidade Urbana .

 

E concluiu, reiterando: “É preciso ter política pública, a partir do diálogo com outros segmentos. Não podemos esperar mais. Temos que aproveitar a oportunidade para reconstruir. Tem dinheiro hoje, está nas mãos dos fundos. Eles têm que investir na mobilidade, no desenvolvimento da infraestrutura fundamental. Vamos nos unir e realizar o trabalho de engenharia, juntar nossas forças para cobrar dos nossos governantes.”

 

As proposições vão ao encontro do projeto "Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento", iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), com adesão do SEESP, lançada em 2006 e atualizada desde então (confira nota técnica sobre mobilidade urbana aqui). A entidade nacional propugna ainda em seu movimento Engenharia Unida, desde 2015, por articulação da área tecnológica na busca de soluções factíveis ao Brasil com valorização profissional.

 

A próxima live do SEESP ocorrerá no dia 17 de junho, às 18h. O tema é “Tecnologia para garantir eficiência na iluminação pública”, com coordenação do diretor do sindicato e consultor em energia, Carlos Kirchner, e participação de Luciano Rosito, diretor comercial da Technowatt. Sempre no Instagram da entidade (oportunidades_na_engenharia).

 

Confira a live na íntegra:

 

 

 

 

 

 

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