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28/05/2020

Brasil e engenharia no pós-pandemia

 

Comunicação SEESP

 

“Nós, engenheiros, somos educados para resolver qualquer problema. Temos que olhar para a pandemia, que é uma novidade, de maneira sistêmica. É uma lição que a humanidade precisa aprender de maneira definitiva, porque outras classes de vírus virão.” Assim Mauricio Pazini Brandão, diretor Regional Sul-Sudeste do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), iniciou sua participação na live desta quarta-feira (27/5), realizada pelo SEESP em sua página no Instagram (oportunidades_na_engenharia), que abordou o tema “Brasil e engenharia no pós-pandemia”.

 

A atividade deu sequência à série semanal do sindicato, mantendo sua tradição de debater temas de interesse da categoria e da sociedade como um todo – neste momento, exclusivamente online, diante da quarentena em atendimento à recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e respeito às determinações estaduais. A coordenação coube ao diretor do sindicato, Marcos Garcia, que também integra o plenário do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP).

 

 Marcos Garcia (acima) coordena live com participação de Mauricio Pazini. (Reprodução Instagram)

 

Pazini revelou ter escrito um paper – em avaliação por “seus pares” –, com uma análise científica, baseado em modelos de engenharia, na busca por “preparar a humanidade para o futuro”. Na sua opinião, num país como o Brasil, com recursos limitados, é preciso enfrentar a Covid-19 privilegiando não apenas a saúde, mas também a economia. “A melhor solução é olhar os dois fatores como igualmente importantes, compartilhando recursos de maneira semelhante.”

 

 

Reverter a desindustrialização

 

Garcia trouxe tema fundamental no combate à pandemia: a necessária reversão do quadro atual em relação à indústria de transformação, que “nos anos 1980 representava em torno de 30% do PIB [Produto Interno Bruto] e hoje equivale a pouco mais de 10%”. O diretor do SEESP observou que a desindustrialização tem reflexos diretos no enfrentamento da pandemia, com dificuldades de fabricar produtos como respiradores, por exemplo. E questionou: “Como retomar a industrialização no País e o papel da engenharia nesse processo?”

 

O diretor regional do MCTIC lembrou que esse não é o caso “só do Brasil, mas da própria Alemanha e dos Estados Unidos”. “Hoje nossa posição no Global Innovation Index é ruim pela não produção nacional de escala. É preciso reformular a política industrial brasileira para inverter essa tendência negativa.”

 

No caso nacional, para ele, o caminho é aproveitar o potencial natural que garante excelentes resultados ao agronegócio, em que, no entanto, a agregação de valor é baixa. Nessa linha, frisou: “Temos que gerar produtos que possam ser manufaturados, agregar valor e trazer mais riqueza ao País, não exportar commodities. Temos que fazer com que a indústria cresça, para haver capacidade de pesquisa e desenvolvimento nacionais de escala global. Isso é tarefa da engenharia.”

 

Na sua concepção, esse resultado está diretamente vinculado a melhorar a educação política, de modo que os cidadãos tenham maior participação nas decisões do País. “Quando o governo investe em educação, saúde, segurança, está simplesmente devolvendo ao cidadão o que recolheu em impostos. Então, temos sim o direito e dever de exigir uma boa educação pública e gratuita, saúde sem restrições, para que não mais tenhamos que ver políticos brigando, dizendo que não tem leito, que o sistema de saúde vai entrar em colapso, que faltam respiradores, máscaras, EPIs [Equipamentos de Proteção Individual].”

 

Para Pazini, reverter este quadro é trabalho de longo prazo, amplo e abrangente, que deve envolver todas as áreas do governo em um programa estratégico de Estado. “No MCTIC pretendemos criar e estamos criando programas permanentes, que tenham continuidade, sejam completamente apartidários, como Inteligência Artificial, tecnologias ligadas a água e assistivas às áreas nuclear e espacial, construídas de forma a atuar em rede.” E destacou: “Estamos desenvolvendo cinco tecnologias disruptivas, nas áreas de energia, agricultura, saúde, materiais estratégicos (grafeno) e industrial. Todas com potencial enorme de aumentar a produtividade, capazes de gerar bilhões de dólares por ano ao Brasil, gerar conhecimento, riqueza e melhorar a vida dos brasileiros. O que envolve muita engenharia.”

 

Nesse sentido, ilustrou: “Descobrir coisas novas e destruir as erradas é igualmente importante. Erastótenes de Cirene [matemático, geógrafo e astrônomo da Grécia Antiga] calculou a circunferência da Terra e durante milênios seu conhecimento foi sepultado. Bastou Cristóvão Colombo descobrir que era uma imensa bola azul para destruir o mito da Terra plana, para que esse conhecimento, que já existia, se provasse como verdade. Isso é inovação disruptiva.”

 

À conclusão, ele reiterou o papel crucial da categoria na saída da pandemia e retomada nacional. “O mais importante agora é salvar vidas, ao que é preciso esse balanço entre saúde e economia.”

 

A próxima live será na quinta-feira (4/6), às 19h, com a participação de Allen Habert, diretor do SEESP e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), e o convidado Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). O tema é "O Brasil tem jeito: saídas para vencer a crise". Sempre no Instagram do SEESP (oportunidades_na_engenharia).

 

Assista a live com Pazini na íntegra aqui.

 

 

 

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