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27/05/2020

Engenharia de Custos abrange de orçamento a planejamento de serviços e obras

Há 33 anos na área, Aldo Dórea Mattos diz que a profissão assemelha-se, de forma conceitual, à gestão de obras

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

Para celebrar o Dia do Engenheiro de Custos, neste 27 de maio, entrevistamos Aldo Dórea Mattos, que explica: “Esse profissional pode trabalhar em construtoras elaborando orçamento para novas obras ou participação em licitações, no acompanhamento de custos durante a execução da obra e, com maior frequência, no apoio à preparação de pleitos, como reivindicações contratuais.” Segundo ele, atualmente, a área assemelha-se, em conceito, “à gestão de obras”.

 

Graduado em Engenharia Civil aos 22 anos de idade, em 1987, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mattos se “encontrou” no mundo da construção civil desempenhando a engenharia de custos. Antes, contudo, fez mestrado em Geofísica. A guinada se deu porque o jovem sonhava trabalhar na Petrobras, “empresa que exercia fascínio sobre os engenheiros naquela época”, lembra. Ele acabou sendo contratado por uma multinacional francesa que atendia à petrolífera brasileira, onde ficou por um ano. “Confesso que não ‘me encontrei’ nesse setor”, diz, o que fez com que retornasse à formação inicial.

 

600 Aldo Mattos 3 altaAldo Dórea Mattos trabalha há 33 anos com engenharia de custos. Crédito: Arquivo pessoal.

 

Desenvolveu sua carreira, ao longo de 33 anos, em grandes empresas no Brasil e em outros países. Hoje, aos 55 anos, e consultor na área e considera seu aperfeiçoamento ativo. Mattos faz parte de três entidades profissionais – o Comitê Brasileiro de Barragens e as associações para o Desenvolvimento da Engenharia de Custos (Aace) e de profissionais de gestão de projetos (PMI) –, faz cursos online e começou a estudar assuntos como blockchain. “Não consigo ficar parado intelectualmente, isso me apavora.” Segundo ele, nunca é tarde para se capacitar e obter novos conhecimentos e certificações em gerenciamento de projetos ou em novas tecnologias, como o Building Information Modeling (BIM – em português, modelagem da informação da construção). Em 2014 foi eleito “Engenheiro de Custos do Ano” pelo Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (Ibec).

 

Como foi a escolha pela engenharia, houve alguma influência familiar?
Venho de uma família de pai engenheiro e mãe economista. Meu pai sempre exerceu a profissão e levava trabalho para casa. Isso deve ter tido influência, bem como o fato de eu sempre ter gostado de matemática e ciências exatas em geral. Na época do vestibular, minha dúvida foi entre engenharia mecânica ou civil, optei pela última e foi acertada.

 

Como o senhor define a sua profissão?
Engenharia de custos é uma expressão que busca abarcar as técnicas de formação de preços de serviços de engenharia e obras, incluindo estimativa de custos, orçamento e, mais recentemente, também planejamento e controle de empreendimentos de construção.

 

Atualmente a área assemelha-se, em conceito, à gestão de obras. Esse profissional pode trabalhar em construtoras elaborando orçamento para novas obras ou para participação em licitações, no acompanhamento de custos durante a execução da obra e, com cada vez mais frequência, no apoio à preparação de pleitos (reivindicações contratuais). Ele pode ainda trabalhar no planejamento da obra, montando e atualizando cronogramas, controlando produtividades de campo, monitorando atrasos etc.. Do lado da administração pública, o profissional realiza orçamentos referenciais requeridos para lançamento de licitações, controle de desembolsos e programações financeiras de obras.

 

Formado engenheiro, o que fez?
Em seguida à faculdade, embarquei num mestrado em Geofísica na UFBA. Foi uma guinada, já que não se trata de uma área da engenharia. Decidi esse mestrado porque queria trabalhar na Petrobras, empresa que exercia fascínio sobre os engenheiros naquela época. Depois do mestrado, trabalhei com petróleo por um ano na Schlumberger, uma multinacional francesa que atendia à petrolífera brasileira. Confesso que não me encontrei no setor e voltei a atenção para a engenharia civil. A Odebrecht estava abrindo uma seleção para jovens engenheiros, eu me habilitei e fui contratado. De lá para cá, não saí mais desse mundo da construção.

 

Quais os desafios enfrentados ao longo da carreira?
O primeiro foi me adaptar ao espírito de trabalho em obra. Como sempre fui estudioso e saía de um mestrado difícil, senti um vazio em ver que as obras não demandavam muito esforço teórico. A atividade dos engenheiros era mais de gestão de campo, programação de serviços, fechamento de medições mensais etc.. Senti falta de calcular, de projetar, de recorrer a livros, ábacos, tabelas e fórmulas. Isso me desapontou no início da carreira. A saída foi começar a estudar a teoria dos fenômenos de engenharia que eu via nas obras, buscar livros e apostilas e procurar o porquê das coisas. Esse hábito me fez amadurecer.

 

Outro desafio foi trabalhar nos Estados Unidos. Tinha 27 anos, dominava o idioma, mas não o inglês técnico. A primeira obra lá na Califórnia, em 1992, foi para o Corpo de Engenheiros do Exército Americano, um cliente burocrático, formal e cheio de normas e procedimentos que causaram certo assombro no começo. Com o tempo, fui pegando o jeito e me adaptei.

Houve um terceiro desafio que foi sair de construtor para consultor. Foi difícil virar empresário depois de tanto tempo como funcionário de empresa.

 

Quais os avanços da engenharia de custos?
Há, sem dúvida, um avanço enorme nessa área. Os canteiros de obra estão se digitalizando. Esse fenômeno pode ser visto na utilização de tablets com a programação semanal e registro de avanço das tarefas, na adoção de diário de obras eletrônico e na comunicação entre campo, escritório central e projetistas. A informatização tem a vantagem de permitir melhor formatação, rastreabilidade e controle das informações.

 

Como conciliou a profissão e vida pessoal?
Viajava muito por conta das obras. Morei em alguns lugares no Brasil e depois Estados Unidos, África do Sul e Peru pela Odebrecht. Era solteiro, mesmo assim meu lado social e afetivo pagava um preço por esse nomadismo. Depois de casado, fui morar no Egito. Minha esposa se assustou um pouco com o ritmo de vida no Cairo, mas depois de algumas semanas já estava mais aclimatada do que eu. Há um dito inglês que é "happy wife, happy life": se sua esposa estiver feliz, sua vida estará feliz. Depois que meu filho nasceu, só nos mudamos uma vez: de São Paulo para Salvador. Eu continuo viajando muito por causa dos trabalhos de consultoria e meu filho reclama. O importante é não perder nunca o contato com os detalhes da vida da criança: buscar na escola, conhecer os colegas, fazer algum esporte juntos e ter um momento pai e filho. Tenho uma família feliz.

 

Como é o seu aperfeiçoamento profissional?
Ativo, mas poderia ser mais intenso. Faço parte de umas três associações profissionais [Aace, PMI, Comitê de Barragens] que me permitem ter acesso a novidades e atualidades. Eu também faço cursos online - gosto do LinkedIn Learning e do Coursera - e atualmente estou buscando assuntos diferentes. Fiz recentemente um curso sobre blockchain e participei de um evento sobre startups. Não consigo ficar parado intelectualmente, isso me apavora.

 

 

 

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