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09/03/2020

Artigo - Com unidade

João Guilherme Vargas Netto*

 

Algumas pessoas estranharam o silêncio das direções sindicais quando do anúncio do Pibinho de 1%. Este silêncio contrastou com a atoarda na mídia grande, seja surpreendida ou indignada, seja leniente e explicativa, pelos de sempre.

 

Ao investigar o porquê do silêncio convenceu-me a resposta de um dirigente: “Não foi surpresa, a situação já estava arrochada e o número baixo apenas confirmou isso”; já estava precificado, como dizem os financistas.

 

Qual é hoje o estado de espírito nas bases sindicais? O que o silêncio esconde?

 

Uma resposta abrangente é essencial para orientar as ações sindicais e indicar as motivações capazes de engendrar mobilizações.

 

Nos petroleiros, por exemplo, depois de 20 dias de greve e intervenções do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a aceitação do menos pior na fábrica de fertilizantes de Araucária (resignação sobre as demissões e fechamento da fábrica e obtenção de vantagens imediatas para os demitidos) casa-se com a intensa participação das duas federações na luta por impedir que a Petrobras continue aplicando uma política de turnos de trabalho lesiva aos empregados.

 

O presidente Castello Branco já afirmou que pretende reduzir, em dois anos, os efetivos da empresa de 80 mil (incluindo os 30 mil terceirizados) a 50 mil e, nesse processo, procura extrair mais de cada trabalhador, obrigando-os (principalmente os da produção direta) a turnos escorchantes de trabalho.

 

Entre os petroleiros a resistência é efetiva; ao balanço da greve já se soma a luta pela definição de turnos e de métodos de trabalho compatíveis com a experiência dos trabalhadores. O estado de espírito é, pois, combativo e impõe um esforço unitário às direções sindicais.

 

Há também entre os funcionários públicos (federais, estaduais e municipais) vontade de luta e de resistência, apesar das dificuldades evidentes. Que mobilizações emergirão? Com qual unidade?

 

No geral o estado de espírito das bases sindicais é de desconforto e de desconfiança. Desconfiança que será amainada na medida em que as direções souberem enfrentar os problemas sentidos pelos trabalhadores sem grandes eloquências, sem aventuras e com unidade, fazendo ouvir suas vozes.


Joao boneco atual

* João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical






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