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13/09/2018

Brecar o desmonte nacional e retomar crescimento

 

Soraya Misleh / Foto: Beatriz Arruda

 

A um projeto nacional, a retomada da engenharia é fundamental. Esse foi o consenso extraído durante o painel intitulado “Engenharia e desenvolvimento: brecar o desmonte e voltar a crescer”, na tarde desta quinta-feira (13), durante o X Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse). Realizado em São Paulo até dia 14, o evento da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) reúne representantes dos 18 sindicatos filiados à entidade.

 

Lacerda (no púlpito): mudar radicalmente prioridades da política econômica. 

 

O norte à discussão foi dado ao início pelo coordenador da atividade, Carlos Bastos Abraham. Vice-presidente da FNE, ele citou trecho da apresentação da nova edição “Retomada da engenharia nacional” do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, assinada por Murilo Pinheiro, presidente da entidade: “Premissa inescapável de um plano para garantir crescimento econômico e condições de vida digna à população é a retomada da engenharia nacional. Não há hipótese de se alcançar prosperidade e avanço com o desmonte da capacidade tecnológica do País, hoje lamentavelmente em marcha acelerada.”

A conjuntura econômica que leva a este diagnóstico e a política a ser adotada para que o País retome a rota do desenvolvimento foi abordada pelo consultor do “Cresce Brasil” e diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio Corrêa de Lacerda. Ele lembrou que o Brasil, ao longo do século XX, “venceu importante desafio de se transformar de economia primária em industrial”. Esse processo foi abalado a partir da crise dos anos 1980, como apontou o palestrante, e se manteve. “E mais recentemente vivemos a mais grave crise da nossa história. A queda nos investimentos em infraestrutura é de 25% a 30%, o menor nível já registrado no País.” Entre os problemas, Lacerda salientou a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congela os gastos sociais públicos por 20 anos, e a dificuldade de crédito para financiamento, já que a taxa real de juros segue elevada, com impactos sobre a produção, o consumo e as inversões. “Vemos algum sinal de recuperação, com PIB positivo, mas em base ainda muito baixa. Os efeitos deletérios se traduzem em grave processo de desindustrialização precoce e, em especial, desemprego. São 27% da população brasileira sem situação regular de trabalho.” Ele vaticinou: “A saída é mudança radical nas prioridades da política econômica. É preciso derrubar a Emenda Constitucional 95 e repensar a estrutura dos gastos públicos, assim como a política monetária. O papel dos bancos públicos é fundamental.” E complementou: “Falar em retomada do crescimento e desenvolvimento passa pela reindustrialização, mas em bases diferentes, diante da indústria 4.0, nanotecnologia, internet das coisas.” Na sua ótica, esses temas “podem e devem ser enfrentados. Temos que aproveitar esta oportunidade. Cabe a nós abrir espaço maior para essas discussões, que não se restringirão ao período eleitoral”.

Também consultor do “Cresce Brasil”, o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marco Aurélio Cabral Pinto ressaltou que o quadro nacional não pode ser compreendido fora do contexto internacional. Na sua concepção, é crucial recuperar o pacto político e rever o federativo, assegurando protagonismo aos estados e municípios – ao que a engenharia é fundamental . “Sem isso, não será possível retomar um projeto nacional, com planejamento participativo com ênfase na infraestrutura urbana, na direção de atender as demandas da população.” Cabral Pinto defendeu ainda como central “a retomada da garantia de conteúdo nacional ao futuro do País”. Proposta avalizada por João Alfredo Delgado, diretor executivo de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

 

 

Investir e retomar as obras

 

O painel trouxe ainda o tema premente da retomada dos milhares de obras paradas no País. “É um prejuízo enorme, e a sociedade é quem paga por isso”, enfatizou o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL), integrante da Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional. O consultor do projeto da FNE, Artur Araújo, observou que hoje “essa infraestrutura está se deteriorando em velocidade acelerada”. Lessa enumerou várias razões para tanto, como burocracia, falta de projeto executivo, corrupção. E foi categórico: “Se houvesse carreira pública de Estado para engenheiro não haveria tanto problema. Precisamos de um projeto para o País que passa por manter a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) e as empresas estatais, como Eletrobras e Petrobras, bem como pela volta das ferrovias. “O Congresso Nacional é impulsionado pela força da sociedade, vamos construir um futuro melhor”, concluiu Lessa, que é autor de nota técnica para a nova edição do “Cresce Brasil” intitulada “Os desafios da Frente Parlamentar da Engenharia”.

Como frisou Araújo, está nas mãos da categoria oferecer como saída à recuperação econômica ao futuro governante do País a retomada das obras paradas. “O investimento é menor, já que parte já foi feita, é muito mais rápido e fácil, além de boa parte já estar licitada.” Nesse caminho, o consultor do “Cresce Brasil” apontou a necessidade de se definirem alguns critérios, como iniciar a retomada pelas obras que gerarem mais empregos, assegurarem compra de mais insumos nacionais, tiverem maior impacto sobre a cadeia produtiva e na vida do cidadão. A solução é defendida ainda por Fernando Mentone, presidente do Sindicato Nacional de Engenharia e Arquitetura Consultiva – Regional São Paulo (Sinaenco-SP), ao que é fundamental retomar a engenharia, com planejamento, investimento em projeto e regras claras.

 

 

 

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