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09/08/2017

Nissan investe contra criação de sindicato nos Estados Unidos

Da Agência Sindical

Nesses tempos de reforma trabalhista neoliberal, é bom prestar atenção no que ocorreu na Nissan, no Estado do Mississippi, Estados Unidos. Apesar de ampla campanha para garantir direitos sindicais, apoiada pelo sindicalismo internacional e, internamente, por diversas organizações e figuras como Bernie Sanders e o ator Danny Glover, a eleição na planta em Canton, para criar o sindicato local sofreu duro revés. O resultado foi de 63% contra a formação da entidade da categoria e 34% a favor – foram 2.244 contra 1.307, em um total de 3.700 votantes.

O United Auto Workers (UAW), sindicato do setor automotivo nos EUA, denunciou que a votação foi influenciada por forte campanha antissindical e racista que a Nissan realiza há anos a fim de impedir a organização e sindicalização dos trabalhadores.

A Agência Sindical entrevistou o metalúrgico Paulo Roberto dos Santos Pissinini, diretor do sindicato dos metalúrgicos da Grande Curitiba, que acompanhou a eleição como representante da confederação da categoria (CNTM). Ele confirma a forte pressão da empresa, que incluiu ameaça de demissões e fechamento de plantas, caso os trabalhadores votassem a favor da criação do sindicato local.

Pressão - Pissinini conta: “Nos últimos dias, a Nissan foi muito agressiva na campanha contra o Sindicato. A pressão ultrapassou os limites da fábrica, com agentes da empresa visitando as casas dos trabalhadores e, também, com grande atuação na mídia. Foi um terrorismo brutal.” Outro meio de pressão foi o fato da empresa liberar a compra de veículos top de sua linha, a 50 dólares ao mês, para quem votasse contra.

A intensa propaganda não foi só dentro da fábrica. Também se converteu em publicidade antissindical na televisão, em jornais e em spots nas rádio. Autoridades locais se somaram à campanha patronal contra os direitos trabalhistas. O próprio governador Phil Bryant, do Partido Republicano, acusou os sindicatos de prejudicar a indústria automotiva em Detroit.

Exploração - Segundo Paulo Pissinini, a principal preocupação dos trabalhadores ao buscar a organização sindical está “no auxílio-saúde e nos fundos de previdência, devido à falta de políticas sociais públicas nos Estados Unidos”. Ele comenta: “O regime de trabalho é por meio de contrato direto, com grande parte das contratações de forma terceirizada ou temporária e enorme defasagem salarial entre os trabalhadores.”

A fábrica da Nissan em Canton emprega 6.400 operários, mas 2.700 são temporários e não puderam participar da eleição. Ainda que não tivessem direito a voto, eles constituíam o principal setor favorável à sindicalização, devido às suas condições de trabalho, salários mais baixos, maior jornada e constante instabilidade no trabalho.

Luta - O dirigente metalúrgico brasileiro denuncia: “Esses trabalhadores estão submetidos a forte pressão por horas extras, maior risco de acidentes e, como não há uma lei de proteção trabalhista, o assédio moral é muito grande e persistente.” “O que os companheiros buscam com o sindicato é obter os benefícios que os sindicalizados possuem nas empresas”, acrescenta.

O UAW fez graves denúncias da Nissan, entre as quais negar acesso ao corpo eleitoral dentro da planta, criar um sistema de qualificação entre os empregados de acordo com seu nível de apoio à criação do Sindicato, além de espionar suas atividades sindicais.

Pissinini critica: “Nos EUA, os trabalhadores estão lutando para conquistar uma condição que, no Brasil, até hoje tinha garantia legal. Nossa luta aqui é pra que não nos imponham uma legislação semelhante à norte-americana.”

 

 

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