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17/05/2011

Infraestrutura da Copa 2014 requer atenção

 

Na análise de Leon Cláudio Myssior, vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco, a maior parte dos projetos dos estádios desconsidera sua inserção urbana e ainda herdam especificações e diretrizes dos europeus

        Esse foi o tema de palestra ministrada pelo vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), Leon Cláudio Myssior, como parte da programação do seminário “Cresce Brasil e a Copa de 2014”, realizado em 16 de maio, em São Paulo.

        Segundo ele, um dos principais legados que o País pode produzir antes e depois do evento mundial de futebol é o turismo que pode ser incrementado com as obras de infraestrutura, desde que elas sejam planejadas com harmonia e beleza. “A arquitetura sempre foi a grande indutora do turismo regional e global, seja através de obras sacras e artísticas, conjuntos arquitetônicos ou mesmo de uma única edificação. Esse é o legado que não podemos deixar de ter”, mencionou.

        Para Myssior, um dos aspectos positivos é que a arquitetura e a engenharia brasileira sabem o que precisa ser feito. “Temos consciência da pressão sobre custos e prazos, pela legalidade nas licitações, por um acompanhamento das obras, das exigências legais e ambientais, da qualidade, da manutenção do legado, da articulação da cadeia de produção e da sustentabilidade ambiental, social e econômica”, citou.

        Apesar disso, o palestrante informou que a maior parte dos projetos dos estádios desconsidera sua inserção urbana e ainda herdam especificações e diretrizes dos europeus feitas nas copas de 2006 e 2010. “Outro impasse é que as exigências da FIFA são incompatíveis com o modelo de funcionamento do futebol brasileiro, agredindo a viabilidade econômica dos estádios que pode resultar em elefantes brancos”, criticou.

        Nas obras de mobilidade, Myssior relatou que várias cidades adotarão soluções de transporte coletivas conhecidas como BRT, um modelo ultrapassado de corredor de ônibus, que utiliza material rodante defasado, de baixa capacidade e que preserva uma matriz altamente poluente. “Não existem projetos estruturados sobre visões metropolitanas completas, com planos diretores maduros e projetos específicos por temas como transporte público e mobilidade urbana, acessibilidade, infraestrutura de saneamento, energia, telecomunicações, hospitalidade, turismo e saúde”, analisou.

        Outro desafio, segundo o vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco, é lutar contra o desabastecimento. “A Copa 2014 e as Olimpíadas de 2016 terão alta demanda por insumos, materiais, equipamentos, recursos humanos qualificados, além de empresas de projeto, gerenciamento e consultoria. Precisamos treinar pessoas, investir nas indústrias para não ter que importar” recomendou Myssior.

        Na sua visão, o legado provável será mobilização nacional para os eventos, seis estádios sem recursos para se manter após o mundial, mobilidade obsoleta, enorme carência de investimentos em geração e transmissão de energia, saneamento, tratamento de resíduos sólidos e educação, medidas provisórias ao invés de revisão na legislação tributária, fiscal e de licitações e privatização dos aeroportos. O palestrante alertou ainda sobre a corrupção potencial do custo médio de cada estádio, das obras de mobilidade urbana superfaturadas, das licitações sem projeto executivo e dos impactos ambientais desconsiderados e irreparáveis no futuro.

 

www.fne.org.br

 

 

 

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