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03/03/2016

Entrevista - País precisa da engenharia unida

Neste mês de março, o engenheiro Murilo Celso de Campos Pinheiro dá início a um novo mandato à frente da FNE. A gestão 2016-2019 começa oficialmente em 16 de março; a posse solene ocorre dia 28, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Reeleito presidente da federação durante o IX Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), realizado em outubro último, ele vislumbra desafios significativos para a entidade neste ano de crise econômica, baixo investimento e empregos ameaçados. Enfrentar essa situação de modo a defender os interesses da categoria e a volta do desenvolvimento estarão, portanto, na agenda da federação de forma prioritária. Para que se vire o jogo e o País volte a crescer, o dirigente defende uma articulação da engenharia unida.  Nesta entrevista, Pinheiro fala também sobre trabalho da FNE, o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” e o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec).

Murilo 030316 editadaNeste mês de março, tem início uma nova gestão da FNE. Quais os planos para essa nova etapa à frente da entidade?
Murilo Pinheiro –
O plano é dar continuidade ao projeto que vem sendo desenvolvido pela nossa federação, dando conta dos novos desafios que se apresentam, especialmente diante da crise econômica que vivemos. Há cerca de uma década, a FNE vem atuando de forma a consolidar uma rede de representação, mobilização e debate nacional entre os seus 18 sindicatos filiados, aos quais estão ligados cerca de 500 mil profissionais. Isso fortaleceu a nossa entidade nacionalmente e também ampliou a capacidade de ação dos sindicatos nos estados. Têm sido travadas lutas fundamentais em defesa dos engenheiros e outros profissionais representados pelas entidades e vitórias importantes estão sendo conquistadas. Na pauta, continua o trabalho para que o salário mínimo da categoria, conforme a Lei 4.950-A/66, seja respeitado. Também seguimos na mobilização para a aprovação da carreira pública de Estado para os engenheiros, o que significará valorização profissional, mas também um salto na capacidade de as administrações públicas darem conta de  suas demandas em termos de planejamento, elaboração de projetos, execução de obras e fiscalização.

O “Cresce Brasil”, lançado em 2006, continua na pauta da entidade?
Pinheiro –
Sem dúvida alguma. O projeto “Cresce Brasil” (www.crescebrasil.org.br), além de ser nossa senha para o debate sobre desenvolvimento e nosso instrumento de mobilização nesse campo, também é um propulsor da nossa ação em defesa dos engenheiros. Lançado há dez anos, ele vem sendo constantemente atualizado e tem focado os temas que a FNE considera prementes em cada momento. Neste ano, faremos uma edição “Cidades”, que nos ajudará a travar a discussão sobre as condições de vida da população nos municípios e o desenvolvimento local. Como sempre, nossa proposta é partir de um diagnóstico dos problemas e apresentar sugestões de soluções factíveis. Entre os temas em pauta, estão habitação, transporte e mobilidade, saneamento ambiental, internet e iluminação públicas.

Qual a importância do Isitec nessa luta pelo desenvolvimento?
Pinheiro
– O Isitec é um dos mais valiosos resultados dos debates do projeto “Cresce Brasil”, que sempre teve entre seus temas a necessidade de formar engenheiros de qualidade. Essa discussão que existia no âmbito da FNE foi abraçada pelo Seesp, que decidiu criar uma instituição de ensino superior que fosse referência no País. A graduação em Engenharia de Inovação teve início no ano passado e, em fevereiro último, aconteceu a aula inaugural da segunda turma. O projeto tem sido um sucesso e estamos convictos de que, em alguns anos, chegarão ao mercado profissionais não só aptos a ter carreiras de sucesso, mas a contribuir verdadeiramente para o nosso desenvolvimento e para a melhoria da vida da população. Os meninos e meninas que estudam no Isitec, num curso de cinco anos em período integral, estão recebendo uma sólida formação, que vai além das matérias técnicas e inclui linguagens e empreendedorismo, entre outros conteú­dos essenciais. Serão multiespecialistas capazes de atuar em qualquer segmento de forma inovadora.

O momento, do ponto de vista da economia nacional e do mercado de trabalho da categoria, é mais preocupante que quando do início do mandato anterior, em 2013. Que desafios que se colocam?
Pinheiro –
O desafio do momento é não permitir que o Brasil retroceda à situação que vivemos nos anos 1980 e 1990, quando se notabilizou o engenheiro que virou suco. Após um longo período de estagnação, o Brasil voltou a ter expansão econômica e a vida do povo melhorou, especialmente a partir de 2007.  Nessa fase, a engenharia voltou a ter protagonismo graças aos investimentos públicos e privados que foram feitos. O mote principal do nosso projeto “Cresce Brasil” era a necessidade de haver crescimento econômico para que os engenheiros tivessem vez. Isso se demonstrou totalmente verdadeiro. Entre 2003 e 2013, houve incremento de 87,4% no emprego formal do engenheiro em todo o País. Com a crise econômica que vem se instalando no Brasil, esse cenário já é outro e desde 2014 há saldo negativo no balanço admissões/demissões na engenharia. O grande desafio é mudar esse rumo. Deve haver investimentos, e o governo é o grande responsável por isso. Uma política de corte de gastos e aumento de juros não nos trará bom resultado.  Portanto, é essa a luta que a FNE tem diante de si.

Nesse contexto entra a ideia da Engenharia Unida?
Pinheiro –
Sim! A FNE está totalmente comprometida com a luta pela valorização da categoria, a defesa de seus direitos e o desenvolvimento nacional. Mas sabemos que as dificuldades de monta da atualidade exigem uma coesão poderosa de forças da área tecnológica para ajudar a empurrar o País na direção correta e inserir as nossas profissões devidamente no debate público. Trata-se, portanto, de unir os profissionais e as entidades que os representam, as empresas e escolas de engenharia em torno dessa bandeira.  Juntos, tenho certeza que superaremos as dificuldades do momento. Podemos e devemos dar essa contribuição à sociedade brasileira.


 

Rita Casaro
Entrevista publicada, originalmente, no jornal Engenheiro, da FNE, edição 166, de março de 2016








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