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09/11/2010

A hora e a vez do engenheiro

Editorial do Jornal do Commercio diz que "há o consenso de que está faltando, desde muito tempo, despertar o interesse dos jovens pelo estudo das ciências exatas, melhorar a qualidade do ensino básico e, sobretudo, melhorar a qualidade dos professores". Leia

       Em todos os fóruns de debate sobre o futuro de um Brasil muito próximo de uma potência econômica, acadêmicos, lideranças empresariais e políticas, cientistas sociais ou economistas se deparam inevitavelmente com um obstáculo: a expansão e qualificação de nossa mão de obra, para acompanhar o ritmo de crescimento. E nessa área uma sobressai como das mais necessárias e mais deficitárias: a engenharia.
       Recente seminário sobre os desafios na formação de profissionais de engenharia para o século 21 - realizado em São Paulo pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) - constatou que além de formar menos da metade dos engenheiros de que precisa a cada ano, o nosso país ainda enfrenta a disparidade entre a qualificação obtida nas universidades e as necessidades das empresas.
       Essa combinação, além de óbvia explica todos os casos de crescimento de outros países hoje postos como modelos. Da mesma forma, quando os estudiosos se debruçam sobre os mecanismos que levaram algumas nações a crescer mais que outras, o contraste numérico é sempre enfatizado. Como a constatação de que o Brasil oferece seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas, enquanto na Europa e na Ásia a média é de 25 engenheiros.
       Essa defasagem é ainda mais notável quando nos advertimos que a busca por engenheiros qualificados não é restrita à ideia de que estamos falando de profissionais para a construção civil. Pelo contrário, o campo de atuação desse setor é cada vez mais amplo e mais sofisticado. Estende-se pela engenharia elétrica, mecânica, química, naval, mecatrônica, ou de produção, das quais depende o Brasil que todos sonhamos.
       Entretanto, formamos hoje algo em torno de 32 mil engenheiros por ano, quando a demanda é superior a 60 mil profissionais. O Conselho Nacional da Indústria estima que em 2012 haverá no Brasil um déficit de 150 mil engenheiros. Somente para nos prendermos ao Bric - o grupo de países emergentes do qual fazemos parte - a nossa distância é preocupante: a China forma 400 mil engenheiros por ano, a Índia chega a 250 mil e a Rússia a 100 mil.
       No seminário promovido pela CNI, o diretor-geral do Instituto Euvaldo Lodi, Paulo Afonso Ferreira, desenhou em uma frase a condição atual do engenheiro no Brasil e o que precisamos fazer: "Hoje a indústria primeiro contrata o engenheiro e depois pergunta o que ele sabe fazer. A disputa é acirrada".
       Apesar da carência, contudo, há o consenso de que está faltando, desde muito tempo, despertar o interesse dos jovens pelo estudo das ciências exatas, melhorar a qualidade do ensino básico - o que é um instrumento capaz de despertar os jovens para disciplinas tidas como muito difíceis, a exemplo de matemática e física - e, sobretudo, melhorar a qualidade dos professores.
       Essa seria a plataforma para o fundamental: a inserção dos profissionais no processo de desenvolvimento, que implica em avanços tecnológicos. A formação de um engenheiro para o setor elétrico e eletrônico, por exemplo, exige capacidade de inovação. "A antecipação da tendência tecnológica é a estratégia das companhias. Esse é o desafio das empresas", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato.
       Para a Nação, o desafio é superar esse bloqueio na formação de profissionais de engenharia, o que passa - repetimos - pela educação básica, pelos 12 anos que antecedem a entrada na universidade. Essa educação foi contemplada com alguns pequenos momentos de debates nas eleições que acabamos de realizar. Mas está claro que o que ficou é muito pouco esclarecedor para a urgência que temos de uma autêntica revolução educacional, que nos dê profissionais de qualidade em todas as áreas, a exemplo dos engenheiros tão necessários e tão escassos.

 

(Jornal do Commercio/PE, 8/11)
www.fne.org.br

 

 

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