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15/04/2015

Agricultura urbana – Alternativa para produção residencial de alimentos

No Brasil foi observado, no ultimo século, uma impressionante expansão urbana associada ao processo de industrialização. Em 1950, a população brasileira era de aproximadamente 52 milhões de habitantes e desse total, cerca de 18 milhões, ou 35%, viviam em áreas urbanas. Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira alcançou 190 milhões de habitantes, dos quais 84%, ou seja, cerca de 160 milhões de pessoas já estavam vivendo nas cidades.


Foto: Wordpress Cdtagriculturaurbana
Horta urbana 


Essa expressiva expansão urbana se deu muitas vezes de uma maneira desorganizada e sem planejamento territorial, tendo como reflexos a degradação ambiental e social e, principalmente, dificuldades com a segurança hídrica e alimentar de municípios centrais de regiões metropolitanas.

Sorocaba é um exemplo dessa realidade, pelo seu desenvolvimento industrial ao longo das últimas décadas, o que tem levado ao crescimento populacional e a uma expansão dos empreendimentos residenciais, comerciais e industriais. O município possui cerca de 600 mil habitantes, e uma taxa de urbanização de aproximadamente 99%, segundo o IBGE. Nesse viés, novos paradigmas de gestão do espaço urbano têm surgido ao longo das últimas décadas, na busca de alternativas sustentáveis para a população, como a agricultura urbana.

No contexto da agricultura urbana, fomenta-se a produção de alimentos em espaços urbanos que não exercem função habitacional na cidade, ou mesmo nas residências. Dessa maneira, ela promove um melhor aproveitamento das áreas urbanas, reduz os impactos ambientais negativos resultantes do manejo do solo e da água, e melhora a qualidade de vida dos moradores da cidade, podendo ser também uma atividade de terapia laboral e econômica.

No Brasil, exemplos da disseminação dessa prática podem ser vistos em Belém (PA) e São Luis (MA), onde são produzidos alimentos e espécies vegetais para fins medicinais. Na América Latina, a agricultura urbana está presente em países como Peru; México; Cuba; Costa Rica; Argentina e Uruguai.

Esse segmento, em franco crescimento, emerge a necessidade do desenvolvimento de tecnologias e processos, incorporando os princípios da sustentabilidade, como o uso eficiente dos recursos naturais, a viabilidade econômica e o atendimento às demandas sociais. Tal temática tem sido desenvolvida por alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), da Unesp, campus de Sorocaba, como a nanotecnologia, já comentada em artigo publicado nessa coluna em 17 de fevereiro e liderada pelo professor Leonardo Fernandes Fraceto.

Outra alternativa tecnológica é o desenvolvimento do biochar ou biocarvão para uso agrícola, como fertilizante. O biochar pode ser definido como um material rico em carbono e com um grande potencial de emprego na agricultura. Ele pode ser obtido pelo aquecimento de biomassa, na ausência de oxigênio. Pode-se citar como fontes de biomassa a madeira, o esterco animal e as folhas, sendo também uma alternativa para a gestão dos resíduos sólidos municipais, como aqueles da poda de árvores. Um estudo sobre o desempenho do biochar como fertilizante foi desenvolvido por Murilo Teles Domingues, atualmente doutorando do PPGCA e orientado pelo Professor André Henrique Rosa, onde em sua dissertação de mestrado desenvolveu o trabalho "Imobilização de fosfatos em microesferas poliméricas contendo biochar: preparação, caracterização e liberação lenta em sistemas aquosos".

Além disso, o desenvolvimento de protótipos é outra linha de pesquisa trabalhada no âmbito do PPGCA, pelos professores Admilson Irio Ribeiro e Gerson Araújo de Medeiros e, como exemplo, pode-se citar o uso de lisímetros, os quais são estruturas para o cultivo de hortaliças e outras culturas em ambientes residenciais. Tal tecnologia permite a aplicação controlada de água e fertilizantes, é de simples instalação, operação e de baixo custo, justificando a sua larga disseminação.

Portanto, a agricultura urbana vem como uma alternativa para questões importantes como a segurança e a soberania alimentar nas grandes cidades, como o próprio município de Sorocaba. Assim, a agricultura urbana como prática conservacionista e sustentável, além de promover a laboreoterapia e de ser uma alternativa educacional pode contribuir de maneira significativa para a qualidade de vida da população nos centros urbanos.

 

* por Gerson Araújo de Medeiros, professor Assistente Doutor e vice-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unesp, Câmpus de Sorocaba; Admilson Irio Ribeiro, professor Assistente Doutor do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unesp, Câmpus de Sorocaba e Leonardo Fernandes Fraceto, professor Adjunto e coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unesp, Câmpus de Sorocaba. Artigo originalmente publicado no jornal Cruzeiro do Sul


 

Fonte: Agência Unesp de Notícias - UnAN








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