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12/02/2016

Brasília, futuro polo de conhecimento e inovação para o mundo tropical

O título deste artigo poderá parecer pretensioso, mas um dos seus objetivos é mostrar a relevância da busca de futuros possíveis, algo que precisa ser feito de forma mais frequente no Brasil. Muitos acreditam que ao ganharmos habilidade de antecipar e modelar futuros possíveis, ampliamos nossa capacidade de ousar, em vez de nos acomodarmos na trajetória usual, com a convicção de que pouco ou nada vai mudar. A antecipação de futuros possíveis pode ajudar na decisão do que deve ser feito hoje para se alcançar um amanhã melhor, e também permitir orientar indivíduos, gestores de empresas, de cidades e de países a tomarem melhores decisões.

As crises podem trazer desestímulo e descrença. Mas não convém que crises nos façam perder de vista que o Brasil é nação estratégica na região tropical do planeta, e é nessa perspectiva que precisamos delinear o país que queremos. O chamado cinturão tropical abrange área situada entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio e atravessa parcialmente quatro continentes. Essa faixa tropical é celeiro de diversidade biológica e o lócus da agricultura e da produção de alimentos do futuro, além de ambiente fértil para o surgimento de uma nova bioeconomia.


Foto: Paula Fróes/Setur-DF
BSB Embrapa 
Brasília e o futuro do conhecimento e da inovação
 

O Brasil é a maior nação do cinturão tropical, e a única a contrariar aqueles que classificam em extremos opostos do desenvolvimento os países detentores de conhecimento e os detentores de recursos naturais. Nossa imensa diversidade de bens naturais — recursos minerais, terra, água, biodiversidade — está aliada a uma grande capacidade de geração de conhecimento e inovações. O Brasil é hoje produtor e exportador de alimentos graças a avanços científicos e tecnológicos que lhe permitiram utilizar seus ativos naturais. E o país se destaca na resposta aos desafios das mudanças de clima por contar com imenso acervo de conhecimentos sobre seus biomas.

Brasília é a capital mais bem posicionada no cinturão tropical do globo, sob vários aspectos. Está localizada no coração de um dos biomas mais representativos do mundo tropical — o Cerrado, ou a savana brasileira, que se tornou nos últimos 40 anos o berço de um dos sistemas agroindustriais mais avançados do globo. Além de renomadas universidades, a cidade é sede da maior organização de pesquisa agropecuária da América Latina, a Embrapa, que mantém diversos centros de pesquisa no Distrito Federal. Como centro do poder, Brasília concentra ministérios, agências de governo, representações, think tanks, entre muitas outras organizações públicas e privadas relacionadas a pesquisa e inovação no país.

A jovem cidade tem desenho moderno e atraente e amplo espaço para crescer de forma sustentável. Por exemplo, seu aeroporto internacional, que passa por rápida expansão e modernização, está se tornando importante hub, conectando a América tropical ao mundo, criando novas oportunidades de cooperação e internacionalização para Brasília e o interior do Brasil. Por tudo isso, Brasília tem grande potencial para se tornar ecossistema de empreendedorismo e inovação para o mundo tropical.

Um novo acontecimento poderá ajudar nossa capital a consolidar essa vocação. O Senado Federal aprovou em dezembro último o Projeto de Lei nº 77/2015, que promove incentivos inéditos à pesquisa, à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico no país. O projeto, que será sancionado pela presidente Dilma Rousseff na próxima semana, é ousado e permitirá ao Brasil superar um gargalo que o separa dos países inovadores: a integração entre universidades, institutos públicos e empresas. Com a nova lei, a Embrapa poderá finalmente estabelecer em Brasília o seu Núcleo de Inovação Tecnológica — a Embrapatec, que reunirá conhecimentos e ativos desenvolvidos por suas unidades ao redor do Brasil e no exterior, de modo a viabilizar negócios e empreendimentos de base tecnológica em novas parcerias público-privadas.

Segmentos estratégicos da bioeconomia, da agricultura, da medicina tropical e da tecnologia da informação poderão se estabelecer em Brasília. Esta é uma vocação latente da cidade, considerando as capacidades instaladas em suas universidades e centros de pesquisa, e os amplos espaços disponíveis para florescimento de empreendimentos de base tecnológica, como start-ups e spin-offs, que terão papel decisivo na competitividade do país.

Firmar a liderança do Brasil na fronteira do conhecimento para o mundo tropical é um imperativo estratégico, e Brasília pode dar uma contribuição decisiva nessa direção. A presença dos centros de influência e decisão e a exposição ao mundo, por meio das missões dos mais variados países e organizações que afluem à capital federal, criam oportunidades ímpares. Seria a consolidação de uma grande sinergia conciliar, no mais alto nível, as oportunidades da capital federal, a força das suas organizações de pesquisa e ensino e o empreendedorismo privado numa plataforma de inovação inédita no mundo tropical.

 

* por Maurício Lopes, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Artigo publicado, originalmente, no jornal Correio Braziliense







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