Cresce Brasil

Diretoria da FNE toma posse no Congresso e propõe retomada do desenvolvimento

Rita Casaro

 

Realizada em 4 de abril, no auditório Nereu Ramos no Congresso Nacional, em Brasília, a posse da diretoria da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) foi marcada pela apresentação aos parlamentares do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado em setembro último durante o VI Conse (Congresso Nacional dos Engenheiros). Reconduzido à presidência da entidade, o engenheiro Murilo Celso de Campos Pinheiro – também à frente do SEESP – reafirmou as idéias básicas contidas no manifesto: “O documento aponta a necessidade, e possibilidade, de se elevar a expansão econômica da medíocre média de 2,5% ao ano para 6%. Sabemos que o salto não se dará por milagre, mas a partir de medidas concretas que favoreçam a atividade produtiva. Em primeiro lugar, há que se elevar significativamente os investimentos públicos e privados, que precisam atingir os 25% do Produto Interno Bruto. Para alcançar essa meta, será necessário que se reduzam os juros de forma mais efetiva do que tem sido feito nos últimos meses. Remodelar a atual política econômica, sem abrir mão do controle da inflação, é certamente uma operação difícil e delicada. No entanto, é essencial para combater males como a pobreza, o desemprego, a informalidade e a falta de oportunidades e perspectivas para a juventude, que corroem nossa sociedade.”

Pinheiro aproveitou a ocasião ainda para convocar os deputados e senadores à discussão sobre o desenvolvimento sustentável e com inclusão social, bases do projeto defendido pela categoria. “Tais propostas são oferecidas para o debate da sociedade, hoje nesse fórum privilegiado que é o Congresso Nacional. O papel dessa casa é crucial para que o País tome a decisão política de optar pelo desenvolvimento e enfrente os desafios que tal escolha certamente trará. A discussão felizmente começou a ser travada com o PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo Governo Federal. Mais modesto que as reivindicações dos engenheiros brasileiros e mesmo omisso em determinadas questões, tem um dado positivo essencial: a volta do planejamento e do papel do Estado como orientador e fomentador do desenvolvimento. É, portanto, uma ótima oportunidade para dar a largada à caminhada para fora da nossa pasmaceira econômica. Equívocos devem ser corrigidos, mas a diretriz pelo crescimento há que ser priorizada. Por isso mesmo a tarefa dessa legislatura é de enorme responsabilidade: debater e tornar possível a principal reivindicação da sociedade brasileira, que é a volta do crescimento econômico após as duas décadas e meia de estagnação”.

 

O papel da engenharia
O clamor pelo desenvolvimento, dirigido a uma platéia de cerca de 400 convidados, foi ao encontro das manifestações das autoridades que prestigiaram o evento. “Não é à toa que essa posse é aqui, no Congresso Nacional, temos responsabilidade com o crescimento”, afirmou a senadora Ideli Salvati (PT/SC), criticando a lentidão da Câmara e do Senado em votar as medidas provisórias previstas no PAC. Para ela, o momento vivido no País é também o mais adequado para uma proposta como a dos engenheiros. “As condições macroeconômicas estão dadas, tudo que era necessário foi feito, temos agora que aproveitá-las.”

Na avaliação de Salvati, levar tal proposta adiante certamente demandará participação da engenharia. “Essa categoria é essencial para qualquer país que queira crescer. É inimaginável crescimento sem contar com sua inteligência, criatividade, competência.” “Com o ‘Cresce Brasil’, a FNE mostra que a engenharia brasileira está contribuindo para o País”, saudou o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, que propôs uma reunião para discutir as propostas da federação pertinentes à sua pasta. Na mesma linha, o deputado Paulo Teixeira (PT/SP) afirmou que o lançamento do PAC – que tem vários projetos coincidentes com o manifesto dos engenheiros – demonstrou a capacidade da engenharia, por meio da FNE, de diagnosticar as necessidades da infra-estrutura nacional para retomar o crescimento. Elogiando a iniciativa, o deputado e ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB/SP), destacou o papel decisivo da profissão para a sociedade: “Eu creio que, além da reunião de ciência e técnica aplicada em diversos ramos, é um estado da alma, individual e coletiva, de otimismo e confiança para superar os obstáculos ao desenvolvimento. Esse documento demonstra que os engenheiros e as engenheiras do Brasil permanecem com sua alma intacta, com confiança e fé no País”, concluiu.

Fazendo coro ao colega, Celso Maldaner (PMDB/SC) também apontou o “Cresce Brasil” como um estímulo à retomada do desenvolvimento. “Esperamos que esse projeto da FNE ajude a melhorar a auto-estima do Brasil, que hoje só cresce mais que o Haiti. Que possamos, com a racionalidade da engenharia, gerar emprego e renda à juventude.”

Destacando o momento em que se debate o esgotamento do uso de combustíveis fósseis e a busca da humanidade por alternativas energéticas que não comprometam o ambiente, o deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB/SP) lembrou a importância da tecnologia para se atingir essa meta. “Esse é o caminho para que se possa oferecer às futuras gerações aquilo de que dispusemos até agora”, asseverou. “O País precisa de um projeto de fundo que conte com a engenharia para recuperar o padrão de crescimento de décadas passadas, mas agora de forma sustentável”, defendeu o secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Cássio Taniguchi.

Participaram ainda da solenidade o deputado Eduardo Valverde (PT/RO) e os presidentes do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Marcos Túlio de Melo, e do Crea-DF, Lélia Barbosa de Sousa Sá.

 
Diretoria da Federação Nacional dos Engenheiros –
Gestão 2007-2010
 

Presidente: Murilo Celso de Campos Pinheiro
Vice-presidente: Maria de Fátima Ribeiro Có
Tesoureiro: Carlos Bastos Abraham
Secretário: Antônio Florentino de Souza Filho
Diretor de Planejamento e Relações Internas: Augusto César de Freitas Barros
Diretor de Relações Interinstitucionais: Antônio Noé Carvalho de Farias
Diretor Operacional: Flávio José A. de Oliveira Brízida

Diretores regionais
Marcílio Vital de Paula (Norte), José Ailton Ferreira Pacheco (Nordeste), Cláudio Henrique Bezerra Azevedo (Centro-Oeste), Clarice Maria de Aquino Soraggi (Sudeste) e José Carlos Ferreira Rauen (Sul)

Conselheiros fiscais
Efetivos:
Luiz Benedito de Lima Neto, Agenor Aguiar Teixeira Jaguar e Arthur Chinzarian
Suplentes: Francisco Regis Carneiro de Andrade e Manoel Ferreira da Conceição Neto

Representantes na Confederação
José Luiz Lins dos Santos e Sebastião Aguiar da Fonseca Dias

 

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