Eleições

Ousadia para mudar São Paulo e o Brasil

 

Essa é a proposta do candidato a governador pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, que participou do Ciclo de Debates promovido pelo SEESP, no dia 29 de agosto. “A geração do meu avô era ousada, abria estradas, criava indústrias. A do meu pai pegou a crise de 1930 e tornou-se temerosa. Hoje, acontece o mesmo com os homens públicos do Brasil. Há um realismo medroso, subjugado pela atual correlação de forças, como se ela fosse estática. As ambições são pequenas para um grande país”, criticou.

Na sua opinião, portanto, “falta ousar propor as soluções que precisamos”. Para tanto, ele ressaltou a importância da engenharia e lembrou as realizações na área de infra-estrutura do Governo Carvalho Pinto (1958-1962), do qual foi chefe da Casa Civil e coordenador dos planos de ação. A disposição para enfrentar os obstáculos, na sua avaliação, é ainda mais urgente no Estado de São Paulo, o maior e mais rico do Brasil. “É como se fosse um país, precisa liderar”, completou.

 

Pacto popular
Ele afirmou ainda que sua candidatura “é uma tentativa de restabelecer o pacto com o povo brasileiro”, esse sim capaz de se unir pelas mudanças que o País e o Estado precisam. Nessa aliança necessária, ele lembrou a importância da participação da classe média, cuja distância dos trabalhadores leva ao temor de um governo popular. Na sua opinião, essa parcela da população tem justas demandas, como o direito a uma aposentadoria digna, mas também se deixa levar por outras não fundamentais. “Se quisermos saúde pública de qualidade, leito para todos, não pode haver luxo para alguns. Temos que resgatar o ensino público, o filho do engenheiro deve conviver com o filho do operário.”

 

Inclusão social
O candidato criticou também propostas de desenvolvimento e modernização que não incluam a população em geral: “Precisamos controlar o nosso tempo, fixar nosso ritmo de forma independente. Aumento de produtividade com desemprego não adianta nada. Não se pode estimular o consumismo. O consumo deve ser mais modesto, mas ao alcance de todos.” Em rota de colisão com os paradigmas neoliberais, ele defendeu o protecionismo da indústria nacional. “Não proponho que feche a economia, mas que tenhamos controle sobre ela. Se não enfrentarmos o capital externo, voltaremos a ser colônia”

Na mesma linha, atacou veementemente as privatizações dos serviços públicos e asseverou que sua proposta é “desprivatizar” a energia de São Paulo. “É um monopólio natural, tem de ser do Estado”, ponderou.

Para Sampaio, a máquina pública paulista não será empecilho a um bom governo. “Ela responde à liderança. Temos que entusiasmá-la com um grande projeto. Sempre administrei com a grandeza humana, não com a miséria humana, por isso não tenho preocupação.”

 

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