Editorial

Profissão a serviço do meio ambiente

Numa visão já ultrapassada da tecnologia, essa se colocava em oposição à natureza. O avanço significava necessariamente desmatar e poluir. Por essa ótica, a engenharia estaria a serviço do crescimento econômico, mas não da preservação ambiental. Felizmente, ainda que se mantenham certas práticas que fundamentam tal tese, a compreensão quanto ao papel da profissão evolui cada vez mais para um instrumento de preservação.

É por meio da boa engenharia que se pode prever impactos negativos, evitá-los ou ao menos reduzi-los e prover as populações de condições de vida adequadas. É pelo desenvolvimento das técnicas mais avançadas de construção que se pode erigir edifícios sustentáveis, que não consumam água e energia excessivamente; que, bem projetados, não gerem montanhas de entulho, desperdiçando recursos e criando ainda maiores embaraços à gestão de resíduos.

Outra área na qual a engenharia é fundamental para proteger a natureza é a de recursos hídricos. É ela que diz se há água disponível num determinado local para a atividade pretendida. Captada a água, é preciso usá-la com racionalidade. Obedecida essa regra, exigindo-se o laudo e orientação feitos pelo profissional competente, combate-se uma das grandes ameaças que sofre a humanidade neste século, a escassez do precioso líquido.

A agricultura, conduzida em acordo com a agronomia, poderá minimizar danos ao solo e ao lençol freático. O manejo integrado de pragas, por exemplo, pode limitar o uso de agrotóxicos e até mesmo substitui-lo pelo controle biológico, em certos casos.

A mesma lógica vale para a indústria, que pode não só utilizar processos menos poluidores, como gerar produtos que causem menos malefícios, como automóveis com níveis reduzidos de emissões.
Os exemplo são inúmeros e passam por todos os ramos de atividades. Construção de estradas e ferrovias, instalação de usinas elétricas, planejamento e execução de obras de saneamento básico, decisões quanto aos modais de transporte público. Tudo passa pela engenharia e trará resultados mais positivos se dela se fizer bom uso.

Nesta edição do Jornal do Engenheiro, tem-se um exemplo singelo da profissão agindo em prol do meio ambiente. Um laudo produzido pelo SEESP demonstra a grave situação das árvores localizadas nas proximidades da sede da entidade. Uma regra básica, indicada pela engenharia agronômica, a manutenção de um canteiro que permita a absorção de água regular e suficiente, foi ignorada. Em alguns casos, estão praticamente confinadas em asfalto e cimento. Assim, essas plantas – fundamentais para a qualidade de vida em uma cidade como São Paulo – podem simplesmente morrer por falta de irrigação. Para salvá-las, basta à Prefeitura da Capital seguir o que reza a engenharia.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

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