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Para não pintar o sete nas paredes da sua casa

Lourdes Silva

 

Operação aparentemente simples, a correta pintura de um imóvel requer diversos cuidados. Entre os problemas que a não-observância de regras importantes pode ocasionar estão as comuns bolhas e manchas nas paredes, adverte Josias Marcelino da Silva, gerente do Laboratório de Revestimentos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).

 

A tinta certa – O primeiro ponto a ser observado é que existem tintas adequadas a cada ambiente, conforme a superfície a ser pintada (parede, porta de metal ou de madeira, grade de ferro etc.). Devem ser considerados ainda cor e brilho. Os diversos cômodos de uma casa também influenciam nessa escolha. O teto da cozinha é mais suscetível a sujeira do que o da sala; a fachada mais exposta aos raios solares que as partes internas; corredores precisam ser limpos com pano úmido periodicamente etc. Outro fator é a localização do imóvel. Na praia, há salinidade; na região industrial, acidez e atmosfera de enxofre; no centro da cidade, fuligem de combustíveis. O ideal é seguir a indicação do produto correto para cada caso impresso nas embalagens. As tintas de látex e acrílica são as mais resistentes à ação solar, à abrasão e à lavagem, além de propiciarem menor absorção de sujeira. Em geral, são encontradas no mercado acrílicas de baixo desempenho e látex com alta performance. São indicadas para áreas interna e externa, mas é nessa última que as de látex têm melhor aproveitamento. Ambas são à base de água, usadas para superfícies mais porosas da construção, como os tijolos e argamassas. As à base de solvente são mais comumente usadas em madeira e metais. Contudo, já vêm sendo usadas para esse fim também aquelas à base de água menos nocivas às pessoas com predisposição alérgica e ao meio ambiente.

 

Produtos especiais – Há ainda tintas desenvolvidas para garantir benefícios adicionais. Um exemplo é a antimofo, que possui quantidade maior de biocidas. Esses agentes atuam na película do produto impedindo o crescimento de fungos que emboloram as paredes. É indicada para locais com pouca ventilação e insolação, onde a umidade relativa do ar e temperatura ambiente favorecem o mofo. Nesse caso, é preciso tomar cuidado para não comprar gato por lebre, tendo em vista que nem todas são realmente eficazes. Se a quantidade a ser utilizada for grande, convém mandar uma pequena amostra e providenciar sua avaliação em laboratório. As embalagens costumam trazer poucas informações, mas há fabricantes que disponibilizam boletim técnico do produto, inclusive com os cuidados na sua aplicação. É possível também pedir esclarecimentos por telefone. Independentemente do produto escolhido, antes do uso é preciso eliminar as partes mofadas, lavando a superfície com uma solução de água sanitária e água em partes iguais. A seguir, deve-se enxaguar e esperar secar. O uso de ácidos como vinagre é desaconselhado, pois pode degradar materiais cimentícios.

Há também as tintas econômicas, que surgiram para atender quem não pode comprar as de primeira linha. Servem para áreas internas secas, como tetos e espaços que não precisam de lavagens. Nesse caso, também são recomendáveis ensaios para verificar o desempenho do produto.

 

Preparação fundamental – Conforme lembra Silva, do IPT, “pintar é uma atividade simples, porém preparar a base para receber a pintura pode despender tempo e habilidade”. Assim, há regras a serem seguidas. A superfície a ser pintada deve estar limpa e seca. Pó e partes soltas devem ser eliminados, raspando-se ou escovando-se; a caiação, com escova de aço. Manchas de gordura ou graxa podem ser retiradas com água e detergente. É preciso corrigir imperfeições de buracos e saliências com massa corrida. Para aplicar a tinta, o reboco deve estar seco. Desaconselha-se o uso de cal como fundo nas superfícies novas para pinturas à base de tinta látex ou acrílica – nesses casos, o ideal é o selador.

 

Saiba mais:
O IPT é capacitado para avaliar as tintas imobiliárias. Informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3767-4162.

 

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