CLASSE MÉDIA: A RECEITA BRASIL

 

Está na hora de o governo reconhecer o segmento que representa a "Receita Brasil": a classe média. Aqueles que ganham a vida trabalhando e construindo um país melhor, gastam tudo o que ganham aqui mesmo e, com isso, geram emprego e atividades de renda.

Sem chances de transacionar na Bolsa de Nova York ou depositar dinheiro nas Ilhas Cayman, com seus impostos inevitáveis sustentam a economia e os gastos sociais, enquanto grandes empresas e bancos, por vias legais, pouco contribuem para o Erário Público e ainda poluem a mídia com queixosas lamúrias sobre o "Custo Brasil". Para ficar em alguns exemplos, citamos: Governos Federal, Estaduais e Municipais estão em guerra na Reforma Tributária para ampliar a fatia de cada um no bolo da arrecadação; operadoras da Bolsa de Valores reclamam que a CPMF está reduzindo os negócios; banqueiros se queixam do compulsório e da cunha fiscal; Ford exige renúncia fiscal e vultosos incentivos para fechar fábrica em São Paulo e abrir na Bahia; exportadores exigem isenções fiscais; isenções para a Zona Franca de Manaus são estendidas para mais dez anos. Quem vai pagar a conta? Claro, os assalariados do setor formal da economia e os pequenos proprietários de renda média.

A Reforma Tributária, em tramitação na Câmara dos Deputados, é a oportunidade do governo para corrigir as distorções. Seu verdadeiro objetivo deveria ser o de desonerar a classe média, a verdadeira "Receita Brasil", para a qual o tarifaço – nos serviços públicos e combustíveis – e a inflação diferencial, impostos aos consumidores, representam um golpe mortal em sua capacidade de consumo.

É preciso também reduzir drasticamente as alíquotas de IR incidentes sobre a classe média assalariada e acabar com a dupla tributação, além de outras mazelas que hoje ocorrem.

Todavia, sem mobilização e gestões organizadas junto ao Congresso, não será possível reverter esse quadro, nem impedir que a derrama seja, mais uma vez, ampliada e descarregada nos ombros dos de sempre.

 

Eng. Paulo Tromboni de Souza Nascimento

Presidente

 

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